PALESTRA – GFA. 08/09/11
“O
Fariseu e o Publicano”
Boa noite a todos, que a paz do
amorável mestre Jesus, possa nos elevar e nos acolher nesta noite, que nosso
coração torne-se terreno profícuo para a propagação do evangelho de luz,
rogamos o amparo sublime para que possamos absorver com regozijo de nosso
espirito o lenitivo do entendimento, ofertado com sublime amor pelos amigos do
plano maior.
Neste nosso encontro fraterno,
falaremos sobre a parábola do Fariseu e o Publicano, que nos foi ofertada pelo
mestre Jesus e encontra-se inserida no capítulo XVIII do evangelho de Lucas, nos
versículos 9 ao 14 e no cap. 27 do ESE – Pedi e Obtereis.
Poderíamos referir a essa parábola como
a historia entre a soberba e a simplicidade, o orgulho e a humildade.
Aludirmos ao orgulho que é a maior
chaga da humanidade que devora corações sem ser percebida, as vezes dissimulada
como virtudes, onde buscamos evidenciar qualidades que julgamos ter ao
apontarmos as limitações e equívocos de nossos próximos.
Conta-nos uma historia de origem hindu
que os homens ao reencarnarem no plano terreno, carregam consigo duas mochilas,
uma presa a frente e outra pendente nas costas.
Ao se prepararem para aportarem no
plano terra, colocam dentro da mochila da parte frontal, suas qualidades e aptidões,
e suas limitações e imperfeiçoes nas que suportam nas costas, caminham todos em
fila indiana, e sempre se comparam aos outros homens que estão a sua frente,
sentindo-se mais virtuosos, pois analisam as qualidades que possuem em relação
as imperfeiçoes dos outros, mas esquecem-se que são também analisados pelos que
estão atrás e que fazem o mesmo procedimento de comparação.
“Um dia, dois homens subiram as escadas
do Templo de Salomão para fazer suas preces. Um deles era fariseu e o outro era
publicano”.
Antes de darmos prosseguimento nesta
historia desses dois homens, faz-se necessário compreendermos um pouco sobre as
particularidades dos dois personagens.
Fariseus (do hebreu parush, divisão,
separação). Esta palavra vem da raiz parash que basicamente quer dizer “separar”,
“afastar”. Assim,o nome prushim ou perushim é normalmente interpretado como ”aqueles
que se separam” do resto da população comum para se consagrar o estudo da Torá
e das suas tradições.
Seita religiosa mais influente, e que tomavam parte ativa nas
controvérsias religiosas. Sob as aparências de meticulosa devoção, ocultavam
costumes dissolutos, muito orgulho e excessiva ânsia de dominação. Tinham a
religião como meio de chegarem a seus fins, mais do que como objeto de fé sincera.
Exerciam grande influência sobre o povo e se consideravam perfeitos por
cumprirem as determinações da sua religião. Apreciavam suas interpretações como
as únicas certas. Tratavam os partidários das outras crenças com ódio e
desprezo.
Observavam cuidadosamente tanto as leis rabínicas quanto as mosaicas. Um
fariseu não podia comer na casa de um “pecador”, embora pudesse acolher um
pecador em sua própria casa, entretanto tinha de fornecer as vestes ao visitante
para que as roupas do pecador não fossem ritualmente impuras. Possuíam rigorosa
observância do sábado, ao ponto de proibirem que se cuspisse no chão bruto num
dia de sábado, para que tal ato não agitasse a poeira, considerado como aragem
de terra, quebrando assim a proibição de trabalhar no sábado. As mulheres não deveriam
se olhar no espelho em dia de sábado, caso vissem algum cabelo branco, não fossem
tentadas a arranca-lo, considerado trabalho no sábado.
Eles maquinavam evasivas da lei que fossem convincentes a eles próprio e
a outras pessoas. Embora um homem não pudesse levar suas roupas nos braços no sabado,
de dentro de uma casa em chamas, ele poderia vestir-se com varias camadas de
rupas, para assim livra-las do incêndio. Não se julgava licito que viajasse em
dia de sábado mais de um quilometro para longe da cidade ou da aldeia em que
vivia. Mas se desejasse ir mais além, na sexta-feira ele depositava alimentos
suficientes para duas refeições a um quilometro de distancia de sua residência,
tornava aquele lugar para ele um lar distante do lar, poderia viajar um
quilometro a mais. Sempre encontravam maneiras de burlar a lei que eles
defendiam com obstinação.
Na época do império romano, foram favorecidos governo de Herodes, onde a
liderança farisaica obteve representação no sinédrio.
Gamaliel (“Recompensa de Deus”) era fariseu e mestre da lei naquela época,
tendo muitos discípulos, inclusive Saulo, que mais tarde se converteu e
conhecemos como o apostolo Paulo. Ele era membro do sinedrio, assim como josé
de arimateia, (proprietário do sepulcro onde o corpo de jesus foi embalsamado)
e provavelmente Nicodemos
Os publicanos cobradores de impostos. Os judeus pagavam impostos ao imperador. Os publicanos
eram em geral, judeus que cobravam impostos de seus compatriotas em favor do império
de Roma, aproveitavam-se de sua função para impor multas desonestas, roubando o
povoo, sendo considerados ilícios e ladroes.
Alguns Publicanos que se tornaram referência de propagadores da boa nova
- Zaqueu – Matias – Bezerra de Menezes, o 13 Apóstolo
- Levi Mateus – o apostolo
Voltemos, agora â nossa historia:
"Propôs Jesus esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, como
se fossem justos, e desprezavam os outros. Subiram dois homens ao templo para
orar: - um fariseu, e outro publicano. O fariseu orava de pé, e dizia assim:
- Graças te dou, ó meu Deus, por não ser como os outros homens, que são
ladrões, injustos e adúlteros. E não ser também como é aquele publicano. Eu,
por mim, jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo.
Apartado a um canto, o publicano nem sequer ousava erguer os olhos para o céu;
batia no peito, e exclamava: - Meus Deus apiedai-vos de mim, pecador. Digo-vos,
acrescentou Jesus, que este voltou justificado para sua casa, e o outro não,
porque todo aquele que se exalta será humilhado, e todo aquele que se humilha
será exaltado." (Lucas, 18:9-14).
Essa parábola é endereçada aos que se julgam bons, puros, virtuosos,
superiores àqueles que ainda conservam os vícios e erros humanos, acham-se
generosos em tolerar sua presença.
A expressão "subir" ao templo exprimia a verdade, pois a
construção fora executada no cume do Monte Morya, na cidade de Jerusalém.
Era hábito dos israelitas orarem de pé, tanto um quanto o outro estavam
de pé no templo o sentimento interno da prece de cada um que constituía a
diferença moral entre ambos, o fariseu enumera os vícios que domina: roubo,
injustiça adultério, que segundo ele, o colocam num pedestal acima do
"vulgo profano que ele odeia"
a) o jejum, realizado duas vezes na semana, sentido evidente de
"sábado", pois não se compreenderia jejuar duas vezes "cada
sábado". Ora, a obrigação legal era de jejuar uma vez por ano, no dia 9 de
ab, no yom kippur, ou dia da expiação pelo saque de Jerusalém
realizado por Nabucodonosor. Era, pois, segundo o fariseu, ato altamente
meritório.
b) dá o dízimo (a décima parte) "de tudo quanto ganha" (pânta
hósa ktômai) o que também significava um acréscimo às exigências legais
(Lev. 27:30-33 e Deut. 14:22-29) que só ordenava recolher o dízimo das
colheitas e dos rebanhos. Dízimo "de tudo" só lemos ter sido dado por
Abrão a Melquisedec (Gên. 14:20).
O cobrador de impostos limitou-se a pedir misericórdia, cônscio de que
era uma criatura defeituosa, com erros e vícios, embora aspirasse ao
"céu", mas sem coragem sequer de olhar para ele.
O fariseu elegera-se o mais virtuoso de todos os seres da terra.
Analisando etimologicamente a palavra “virtude”, vemos que é derivada do
latim VIRTUS que, por sua vez, deriva de VIR (homem, varão, o elemento forte).
E VIR é proveniente de VIS, a "força", da raiz VI, que também dá
viril, violência, etc.
"virtude é a
qualidade de quem tem força", sobretudo moral.
Enquanto a criatura tem que “fazer
força" para evitar o erro, demonstra que ainda não evoluiu. "não
roubar" consiste em não tirar materialmente o que nos não pertence, embora
se morra de vontade de fazê-lo; "castidade" é não ter contato físico
corporal, ainda que os desejos mentais e emocionais sejam incontrolados;
"ser religioso" é frequentar, em dias prefixados, a casa de oração
com o corpo, mesmo que a mente permaneça distante e, ao sair de lá, as ações
demonstrem que não somos nada religiosos A criatura que assim age, se julga
"virtuosa", porque "faz força" para adquirir bons hábitos
e, geralmente, consegue praticá-los com sacrifício. Esse exercício constante de
vencer as inclinações erradas, que nos vão acostumando a não gostar delas. E
depois de várias encarnações que vivemos a fazer esforços continuados de
virtude, acabamos acostumando-nos e forma-se então o hábito. Esse hábito
plasma, no subconsciente, o instinto. Uma vez formado este, e quando agimos
certo naturalmente, sem esforço e sem sequer pensar nisso, então teremos dado
um passo evolutivo à frente.
Deixaremos de ser "virtuosos", para
sermos "naturais" ou espontâneos, já que o hábito bom se tornou parte
integrante de nossa natureza íntima.
O esforço despendido para ser
"virtuosos" (forte moral e espiritualmente) é exercício de suma
vantagem no caminho evolutivo.
O erro da criatura reside em julgar que
combatendo em si as más inclinações, já é evoluída, acreditando-se, superior aos outros e desprezando-os, evitando-lhes
a companhia "para não se misturar" e não ser confundido com eles.
Também pode constituir uma "defesa" para quem não está muito seguro
consigo mesmo.
Inconscientemente, a criatura
"virtuosa" se compara aos outros, "já é diferente" e, por
esse motivo agradece a Deus; a criatura evoluída não se compara a ninguém,
porque não se vê perfeita, nem repara nos outros, porque não tem tempo para
isso.
O erro, trazendo vergonha, desperta a
humildade, o que aproxima da sintonia humildade divina. O cobrador de impostos,
ao pedir misericórdia para seus erros, saiu do templo justificado, porque está sintonizado
com essa humildade.
Para o fariseu todos os homens eram ladrões,
injustos e adúlteros. Para o cobrador de impostos só havia preocupação consigo
mesmo, a fim de pedir compaixão para seus erros.
Esta parábola tem o objetivo de apontar o
orgulho como elemento prejudicial a salvação e ao mesmo tempo ressaltar quanto
a humildade pode valer-nos ante a justiça divina.
A atitude do fariseu, pela postura que assume
– ereto, tórax saliente – patenteia seu orgulho, suas palavras são uma sequencia
de arrogância e presunção é a si mesmo que atribui os merecimentos de eu se
ostenta; que, o tornam criatura sem jaça, “Eu não sou como os outros homens que
são ladroes, injustos e adúlteros”. Não alude a “ alguns homens” nem a “muitos
homens”, mas “aos outros homens”, considerando-se, assim, o único varão
perfeito à face da Terra!
O publicano, avergado como que a sentir o
peso da própria consciência. A humildade lhe permite uma justa apreciação de si
mesmo, o reconhecimento de suas culpas e imperfeiçoes; por isso bate no peito,
contrito, e exclama: “Meu Deus, tende piedade de mim, pois sou um grande
pecador!”.
Pois este, e não o outro, foi quem se retirou
justificado, sentenciou Jesus, finalizando a lição.
Porque aos olhos de Deus não basta que nos
abstenhamos do mal e nos mostremos rigorosos no cumprimento de determinadas
regras de bom comportamento social; acima disso, é nos necessário reconhecer
que todos somos irmãos, não nos julgarmos superiores a nossos semelhantes, por
mais culpados e miseráveis que pareça, nem tampouco despreza-los, porque isso
constitui, sempre, falta de caridade.
Vejamos que o fariseu, mesmo conhecendo
todas as leis, os preceitos e fundamentos da tora, do decálogo de Moisés e leis
de talião, ainda assim tentava justificar seus atos e se exaltar-se perante o
próximo, não percebia o real intento da prece, mesmo estado em um local de
orações no templo de Salomão, ainda assim sua prece era focada em sobrepujar o
publicano que estava ao seu lado e que humildemente clamava pelo perdão divino.
Lembremos que na maioria das vezes nos
deparamos com situações onde assemelhamo-nos muito com o fariseu, ostentando
nosso orgulho através dos apontamentos dos erros dos outros.