A mediunidade é uma condição natural da espécie humana. E os fatos espíritas existiram em todos os tempos. Entretanto, até chegar-se à Codificação do Espiritismo, houve lenta evolução, em razão do atraso do homem para compreender o que ia além do corpo físico. Há inúmeros fatos, datas e nomes na História do Espiritismo, mas, para facilitar nosso entendimento, vejamo-la através do Prof. Herculano Pires.
No livro O Espírito e o tempo, o Prof. Herculano Pires, Mestre de Filosofia, grande jornalista e pesquisador do Espiritismo, com base nos estudo do antropólogo inglês John Murphy (Antropologia Cultural e o Estudo das Religiões), e também alicerçado no cientista Ernesto Bozzano (Povos Primitivos e Manifestações Supranormais), faz uma abordagem da evolução do Espiritismo através de Horizontes, entendendo-se estes como formas de os indivíduos enxergarem o que, em sua época, escapava ao seu conhecimento. Assim, em resumo, temos os HORIZONTES TRIBAL, AGRÍCOLA, CIVILIZADO, PROFÉTICO E ESPIRITUAL.
HORIZONTES:
a) HORIZONTE TRIBAL — O antropomorfismo (maneira rudimentar de interpretação da Natureza do homem), em seus estudos, mostra que, nessa fase, há um mediunismo primitivo; adoração rudimentar; evocação sem base; força misteriosa e inexplicável. Nessa fase, e ainda durante muito tempo, verifica-se a LITOLATRIA (adoração de pedras e rochas); FITOLATRIA (adoração dos vegetais, da folhas); ZOOLATRIA (adoração dos animais); POLITEÍSMO (adoração de vários deuses) etc.
b) HORIZONTE AGRÍCOLA — Nessa fase, o homem tem a idéia de que o CÉU é o DEUS-PAI, e a TERRA é a DEUSA-MÃE, uma vez que, vindos de cima o calor e a chuva, o primeiro (CÉU) fecundava a segunda (TERRA), sendo esta, na posição de Mãe, a geradora ou produtora de tudo. Essa crença, de certo modo, ainda existe em alguns lugares da China e da Índia, hoje. Isso, porque, com raríssimas exceções, o homem ainda não despertou para o seu interior, mesmo em civilizações milenares.
c) HORIZONTE CIVILIZADO — Aqui, tem-se, ainda, o conceito de “civilização” pelo poderio dos impérios: Egito, Assíria, Babilônia, China, Pérsia, e os reinos de Israel, da Índia etc. Há, nessa fase, como que um “endeusamento” dos chefes políticos (imperadores e reis). O monarca, senhor absoluto do povo, deve ser respeitado como um deus. Sua palavra é a verdade absoluta. É o culto e a crença no indivíduo que encarna o poder. Fase ainda muito materializada, de muito atraso, mas de pompas.
d) HORIZONTE PROFÉTICO — A fase dos profetas ou do mediunismo bíblico, quando os homens descobrem o seu poder e se individualizam; aprendem a pensar, libertando-se dos instintos e passando a formular juízos éticos, jurídicos e religiosos,. Brilha a filosofia grega. Vem o misticismo hindu e o moralismo chinês. Nasce o conceito de um Ser Supremo, Deus Único.
e) HORIZONTE ESPIRITUAL — Pondo por terra idéias errôneas, o indivíduo descobre que Deus e o Homem se assemelham, pois a caminhada evolutiva do ser humano vai até a divindade. O homem, como Espírito, pode chegar à condição de anjo, pelo seu esforço no bem. A codificação do Espiritismo, por Allan Kardec, dá base para esse entendimento
(Apostila do Centro Espírita Ismael)