Os Princípios da Reforma Íntima
A Reforma
Íntima é um processo que acontece através da mudança das nossas concepções,
crenças e valores. Temos buscado incorporar novos valores através do
conhecimento, da troca de experiências e da reflexão diária sobre nossos atos.
Os
princípios nos auxiliam nas relações interpessoais equilibrando a nossa vida.
Ao colocá-los em prática, deixamos de culpar os outros pelos nossos erros,
aceitando que somos os únicos responsáveis. Além disso, tornamo-nos capazes de
compreender cada pessoa dentro das suas limitações, vencendo a pretensão de
tentar modificá-las para que correspondam aos nossos modelos de perfeição. Com
isso, eliminamos o hábito de apontar continuamente os defeitos dos demais. Por fim, entendendo a complexidade de cada
ser, aprendemos a perdoar.
Esse novo
proceder baseado na reestruturação interior traz paz à nossa vida e nos torna
pessoas mais centradas. Graças a essa nova conduta derrotamos a nossa baixa
estima e galgamos os degraus do autoconhecimento e da evolução espiritual.
São doze os
Princípios da Reforma Íntima:
I.
Princípio da vida futura e da evolução
II.
Princípio da Responsabilidade:
III.
Princípio da neutralidade
IV.
Princípio do não-julgamento:
V.
Princípio da valorização do ser
VI.
Princípio da aceitação e da alteridade
VII.
Princípio do perdão
VIII.
Princípio da harmonia
IX.
Princípio do diálogo
X.
Princípio
do autoconhecimento
XI.
Princípio da autotransformação
XII.
Princípio do Amor
I.
PRINCÍPIO DA VIDA
FUTURA E DA EVOLUÇÃO:
(A razão da nossa existência é a vida
futura)
Quem somos nós? O que estamos fazendo no Planeta? Qual a
finalidade da nossa vida? Aqueles que acreditam que a existência humana é
puramente material e que é mero produto do acaso, que o homem surgiu “do nada”
e que voltará para “o nada”, pouca importância podem dar à própria vida.
Nós, no entanto, quando acreditamos que temos uma alma
que sobrevive à morte do corpo físico. A vida futura é o centro dos
ensinamentos de Jesus e, somente ela, justifica a moral.
Se acreditamos que a alma sobrevive ao corpo e que a
finalidade da nossa
existência é evoluir para chegarmos a perfeição, tudo
adquire um novo significado para nós e passamos a ter um motivo para perseverar
em nossa transformação.
Sem a vida futura, a vida terrena não faz sentido.
Para quê então, vivemos a vida corpórea?
Para que possamos evoluir lutando pela nossa
sobrevivência, trabalhando, relacionando-nos uns com os outros, etc.
Nosso Pai Celestial, criou-nos simples e ignorantes para
que, por nossos próprios méritos, pudéssemos chegar ate a perfeição angelical.
A lei do progresso não existe apenas para o homem, pois todos
os seres vivos, assim como a matéria, evoluem. Evoluem as plantas, os animais,
os planetas.
A evolução da espécie humana, do homem das cavernas ao
homem tecnológico, e deste ao homem ético que pratica a alteridade, demonstra a
evolução do pensamento, da inteligência, do raciocínio humano, ou seja, da sua alma.
A moral cristã, aponta-nos o caminho a seguir no nosso processo evolutivo.
As dores, as dificuldades, as provações e privações, cumprem o papel de nos
recolocar no caminho do bem regidos pelas Leis
Divinas.
II.
PRINCÍPIO DA
RESPONSABILIDADE:
(Sou o único responsável pela minha vida,
pelas minhas ações e pelos meus sentimentos).
Ninguém é responsável pela minha tristeza ou alegria,
pelo meu vício, pelo meu sofrimento. Da mesma forma, eu sou o único responsável
pelas minhas aflições e angustias.
Não importa o que o outro faça de negativo ou positivo
comigo, eu sou o único
responsável por deixar que tal ação repercuta em minha
alma. Sou eu que deixo a tristeza entrar. Sou eu que permito que as situações
materiais me perturbem. Mesmo que outro me induza a determinado ato, eu sou
responsável pela minha decisão de seguir tal inferência.
A maioria das situações que me levam ao sofrimento e ao
estresse foram criadas diretamente por mim mesmo. As dívidas, as separações, os
desentendimentos, por exemplo, são inteiramente desnecessários. Poderiam ser
evitados se conduzimos nossas vidas como espíritos e não como seres do mundo, se
buscarmos a riqueza espiritual e não o comodismo e comodidade do mundo
material.
Muitas das situações que não foram causadas diretamente
por mim, foram atraídas pelos registros que delas tenho em minha mente: O medo
do desemprego o atrai, o ódio aproxima o ódio, a vingança atrai a vingança, a
ganância convida o ganancioso que nos lesará, pensamentos são energias e atraem
seres que compartilhem do mesmo interesse. A afinidade.
Por isso, nós
assumimos a responsabilidade de nossa vida, dos atos, vícios, sofrimento e também
pela nossa recuperação, transformação e pela felicidade.
Entendendo que somos responsáveis por tudo o que nos
acontece, nós analisamos a nossa vida, observamos em que estamos errando e modificamos
a nossa forma de pensar para atrairmos o bom, o belo, a paz, a tranqüilidade e
a felicidade que almejamos.
III.
PRINCÍPIO DA
NEUTRALIDADE:
(Não sou responsável pelo ato praticado por outra pessoa e não me envolvo com esse
ato, mesmo que praticado contra mim.)
O ato praticado por uma segunda pessoa é de sua inteira
responsabilidade. Eu não sou responsável pelo que ela faz. Apenas responderei
como co-autor desse ato, se, conscientemente a induzi a praticá-lo.
Mesmo quando o ato é dirigido contra nós, devemos nos
manter neutros como se cometido contra outra pessoa, porque o problema é de
quem o comete e não nosso. Ele
responderá a Deus pelo seu ato. Não devemos, portanto, reivindicar para nós o
direito de “cobrar-lhe” pelo que fez.
Por exemplo, se alguém fala mal de nós, não devemos nos
chatear. Sabemos quem somos. O que o outro pensa sobre nós, diz respeito
unicamente a ele. A sua forma de ver as coisas, de perceber o mundo e, em
conseqüência, a sua capacidade de julgamento está limitada à sua bagagem de
experiências, vivências e conhecimentos, que compõem o que aqui vamos chamar de
“reservatório moral”. Ele só pode nos perceber através desse reservatório que
nada tem a ver conosco.
Todos têm o direito de pensar o que quiserem. Se o
indivíduo quer fazer disso
motivo de escândalo, não é problema nosso. (“Os
escândalos são necessários, mas ai daquele por quem venha o escândalo” Mateus
18:7)
Mahatma Gandhi dizia que não tinha necessidade de
perdoar a ninguém, porque não se sentia ofendido com o que o outro fazia ou
dizia contra ele.
IV.
PRINCÍPIO DO
NÃO-JULGAMENTO:
(O nosso “reservatório moral” só nos permite
julgar a nós mesmos).
Conseqüência direta do princípio da neutralidade é o do
não-julgamento. Eu percebo o mundo e as pessoas através do meu reservatório
moral formado ao longo das minhas existências, pelos meus conhecimentos, pelas
minhas concepções, pelos meus valores. Assim, a minha forma de perceber o que
está fora de mim, está limitada ao que
eu sou, essa é a minha medida.
Considerando que a minha medida somente pode servir para
a percepção de mim mesmo, concluo que somente sou inteiramente justo quando
julgo a mim e que sempre serei injusto no avaliação do próximo, mesmo que o faça
positivamente.
Quando julgamos intimamente estamos absolvendo ou condenando. E essa é uma tarefa que não nos
compete, pois não temos o domínio da verdade. Mesmo Deus, na sua
magnanimidade, nunca nos condena dando-nos sempre a chance de reparamos o mal
que praticamos Assim, adotemos como princípio não julgar a ninguém. Não
julguemos nem a nós mesmos, pois desse hábito surge a culpa, sentimento
negativo que nos paralisa a marcha.
Podemos sim criar o hábito da autocrítica, ou seja, da
análise objetiva da nossa forma de pensar e agir, sem julgamentos, com o propósito de nos modificarmos e
crescermos.
V.
PRINCÍPIO DA
VALORIZAÇÃO DO SER
(Valorizamos o indivíduo separando-o do ato
que praticou ou pratica ).
Esse princípio nos sugere sempre separar o indivíduo (a
quem não temos condições de julgar) do ato pernicioso ou vil praticado por ele.
As nossas ações
são reflexos do que aqui chamamos de
“reservatório moral”, ou seja, daquele conjunto formado pelos nossos
conhecimentos, vivências, concepções e valores. Nossos atos estão circunscritos
aos limites impostos por esse conjunto
de nossas conquistas individuais.
Não importa o que o indivíduo faça, que ato cometa, ele
está fazendo o melhor que pode fazer, por isso não devemos julgá-lo. Ele está
lutando para transpor seus próprios limites
adquirindo conhecimentos, analisando situações, sofrendo as
conseqüências de suas próprias ações. Por que rebaixá-lo ao nível do seu
ato?
Isso não nos impede de termos uma opinião (segundo o
nosso próprio “reservatório”) boa ou ruim do ato praticado. Por isso separamos
o indivíduo do vício.
Isso é valorizar o ser e não o seu ato.
Quando Jesus
disse: “Se fôsseis cegos não teríeis pecado” ( Jo 9:41) quis nos
mostrar que a responsabilidade de cada um pelos seus
próprios atos é proporcional ao seu conhecimento da Verdade.
VI.
PRINCÍPIO DA ACEITAÇÃO
E DA ALTERIDADE
(Nada há de errado em mim, na minha vida, no
mundo e no outro. Tudo acontece em perfeita consonância com o nível de evolução
em que estamos. Aceitar essas condições, sem conformismo, implica
compreendê-las como instrumentos para o nosso crescimento interior )
Os percalços da nossa vida, assim como todo o mal que há
no mundo é reflexo do que somos. Se nada tivéssemos com o que está ao nosso
redor, já não estaríamos nesse Planeta.
A família (pai, mãe, filhos, cônjuge), a condição
financeira, o status, o meio em que vivemos, a aparência física, enfim, tudo o
que nos rodeia, constitui o “legado de Deus” para o nosso crescimento. Isso
significa que é dentro desse campo, dentro desse limite, que devemos trabalhar
as nossas dificuldades interiores, de nada adianta focar nossa atenção na vida
do vizinho. Assim, recebemos a pobreza para aprendermos a viver com o
essencial; recebemos a riqueza para aprendermos a dividir; estamos no ultimo lugar na escala social para
combatermos nosso orgulho; estamos no topo do mundo para testarmos nosso senso
de justiça. E se precisamos vivenciar situações aparentemente adversas em nossa
vida é porque ainda temos o que aprender com elas.
Nada está errado no mundo e na nossa vida, uma vez que
são meros reflexos do que somos. Entender isso é o primeiro passo para nos
motivarmos à mudança.
Aceitar a mim mesmo, aceitar o mundo material, aceitar o
outro.
Aceitar a mim mesmo como ser imortal em processo de
evolução, portanto
marcado pelas imperfeições, mas que traz em seu
interior, gravadas em sua essência espiritual, todas as virtudes e todas as
leis divinas. Aceitar-nos implica também adequar-nos à forma como nos
apresentamos nessa encarnação, entendendo que essa aparência física é necessária
ao meu crescimento: gordo ou magro, feio ou bonito, alto ou baixo, deficiente
físico ou não. Todas essas condições, assim como as da raça auxiliam-nos na
quebra de paradigmas. A não aceitação dessas condições geralmente demonstra o
nosso preconceito em relação a elas e o nosso orgulho por nos acharmos acima
delas.
A auto-aceitação significa nos aceitarmos, nos
compreendermos e nos amarmos apesar de conscientes das nossas imperfeições e
fraquezas. Somos imperfeitos como todos os demais habitantes do Planeta. E não
há porque nos envergonharmos disso, porque também sabemos das nossas qualidades
e da nossa finalidade na Terra que é lutar pelo nosso progresso
Aceitar o mundo material, o planeta com suas condições
adversas, as diferenças geográficas e culturais, os povos, as imposições
econômicas; os grupos que fazem parte das minhas relações interpessoais
(família, trabalho, escolha, vizinhos, etc.), entendendo que esse é o meu
ambiente de trabalho, ou seja, o ambiente dentro do qual devo me transformar. Também
dentro desse aspecto estão as minhas condições financeiras, a minha situação
social e a minha nacionalidade, que são as minhas ferramentas e os meus
instrumentos de autotransformação.
Quando aplicamos o princípio da aceitação às pessoas, grupos, comunidades,
religiões, culturas, etc. exercitamos a ética da
alteridade, ou seja, exercitamos nossa capacidade de entender, valorizar,
considerar e respeitar as diferenças, reconhecendo plenamente o direito do
outro ser ele mesmo, uma individualidade, uma manifestação humana..
O princípio da aceitação e da alteridade sugere que
entendamos as pessoas com suas diferenças, aprendendo a amá-las como são,
compreendendo o fato de que, como nós, toda a humanidade faz o melhor que pode,
agindo de acordo com a sua evolução e, portanto, de acordo com sua compreensão
da própria realidade física e espiritual.
Assim, é absurdamente injusta a pretensão de moldá-las
aos nossos conceitos para a nossa própria satisfação. Se cada um é produto de
suas próprias vivências, como podemos pretender que o outro se modifique
segundo o modelo que fixamos em nossa mente
e que é fruto do nosso próprio processo? À luz desse princípio o
preconceito, de qualquer ordem, é inadmissível.
O Princípio da
aceitação e da alteridade não é um
discurso vazio e não significa contemplação, conivência, submissão. Longe
disso, é uma proposta de ação, de reformulação de valores morais e compreensão
das vicissitudes da nossa existência.
VII.
PRINCÍPIO DO PERDÃO
(Entendendo e aceitando a limitação de cada
um posso perdoá-los pelos atos praticados contra mim).
Praticando os princípios aprendemos a nos aceitar como
somos, com defeitos e
limitações. Aprendemos a gostar de nós mesmos apesar de
tudo. Perdoamo-nos então por não sermos perfeitos e passamos a vislumbrar as
nossas qualidades.
Assim também aprendemos a perdoar o nosso próximo, ou
seja, os nossos
familiares, os nossos patrões, os nossos vizinhos, os
nossos inimigos. Primeiro
entendendo que cada um faz o melhor que pode,
considerando seu nível de
entendimento, de evolução. Segundo, percebendo que “o
sentir ofendido” depende do que somos, de como enxergamos o mundo e as pessoas
e não tem muito a ver com a ofensa em si.
Enquanto não perdoamos, estamos sujeitos a nos
recordarmos da ofensa muitas vezes e, a sofrer a cada recordação.
O autoperdão é o ato de perdoar a quem quer que nos
tenha feito algum mal traz-nos a viva sensação de paz que só a prática do bem
pode nos proporcionar.
Tendo perdoado o nosso adversário, conseguimos a paz
interior.
Agora, temos condições de ampliar nosso aprendizado e
nossa autotransformação buscando a reconciliação.
O perdão é unilateral (acontece dentro de nós), mas a
reconciliação é o perdão mútuo. Liberta não apenas a mim, mas também ao meu desafeto.
Sendo eu o agente dessa reconciliação, experimento a
auto-satisfação com o meu progresso.
VIII.
PRINCÍPIO DA HARMONIA
(Os conflitos resultam do choque entre
deficiências incompatíveis entre si).
Para eliminar os conflitos
basta que eu trabalhe a minha própria deficiência.
A deficiência de alguém só nos incomoda quando não é
possível conciliá-la com uma das nossas
deficiências. Exemplo: os atos do autoritário incomodam o orgulhoso, a rebeldia
incomoda o autoritário, o crítico incomoda o inseguro e o vaidoso, o ocioso
incomoda o impaciente, etc.
Geralmente acreditamos que o atrito ocorre porque uma
nossa virtude foi ferida por uma deficiência. Na verdade, a virtude nunca se
sente ferida, lesada, ofendida (exemplo de Jesus, de Gandhi, etc.).
Os atritos resultam do choque entre deficiências e, por
isso, nos dão a oportunidade de percebermos a nossa própria limitação e de
testarmos o nosso progresso. Ao invés de tentarmos mudar
o outro para moldá-lo às nossas expectativas, olhemos para nós mesmos e
busquemos descobrir porque determinada deficiência mexe tanto conosco.
Descoberta a nossa dificuldade, trabalhemos por eliminá-la.
Se elimino a minha vaidade, já não me sentirei ofendido
(a) pela crítica, mesmo que injusta e negativa. Se elimino o meu orgulho, não
me ofenderei com os desmandos do autoritário.
A harmonia consiste em dizimar de mim, aquilo que me
irrita no outro.
IX.
O PRINCÍPIO DO DIÁLOGO
(A habilidade e disposição para ouvir
intensamente e tentar compreender o outro é mais importante do que a capacidade
de convencer, provar ou impor nossas idéias.)
Agimos no nosso dia a dia, individual ou coletivamente,
com base em nossos valores, e estruturas psíquicas e emocionais. Quando diante
de uma nova forma de pensar, diferente daquela à qual estamos acostumados,
podemos nos sentir ameaçados em nossa identidade pessoal ou coletiva. Se isso
acontece, ativamos nosso instinto de proteção e nos armamos contra aquele a
quem passamos a considerar um adversário. No afã de convencer, provar ou impor
nossas idéias, partimos para o embate.
E, quando nos faltam argumentos refugiamo-nos no campo pessoal com agressões verbais ou
apontando os defeitos que julgamos ter descoberto no outro.
O Princípio do Diálogo propõe que, antes de qualquer coisa não nos
sintamos ameaçados pelas idéias diferentes ou desconhecidas. devemos abrir
nossa mente para o novo.
Entendamos que todos temos o que ensinar e que todos
temos o que aprender.
Assim, não importa quem seja nosso interlocutor devemos
ouvir atentamente o que tem a nos dizer, analisando e ponderando sinceramente
sobre sua mensagem, absorvendo aquilo que julgamos nos será útil.
O Princípio do Diálogo propõe ainda que,
não nos esqueçamos de que estamos conversando sobre idéias e que aí, em nenhuma
hipótese, cabem observações pessoais sobre nenhuma das partes. Portanto,
mantenhamos nossas divergências no campo das idéias sem levá-las para o
pessoal. Trabalhemos o nosso orgulho respeitando o nosso semelhante, com a
certeza de que, como nós, ele forjou a sua bagagem moral em várias encarnações,
em múltiplas experiências e vivências e que, portanto, é um privilégio para nós ter acesso a esse acervo.
Se as divergências persistirem apesar das ponderações de
todas as partes, sigamos respeitando nosso(s) interlocutor(es), convictos de
que também é possível que a verdade não esteja com nenhum de nós.
X.
PRINCÍPIO DO
AUTOCONHECIMENTO
(Descobrimos a liberdade e a paz quando
aprendemos a viver sem máscaras, sendo quem realmente somos).
No processo de aplicar os princípios exercitamos o autoconhecimento, chave para a
nossa mudança interior.
Esse princípio convida-nos a tirar as nossas máscaras, a
pesquisar o quanto do nosso comportamento é simples reflexo dos apelos
materialistas da sociedade. A descobrir
os nossos mecanismos de fuga, a por em prática
o que realmente é parte da nossa personalidade descartando tudo o que
agregamos à nossa maneira de ser por simples comodismo ou por medo de
enfrentarmos a nossa própria realidade.
O autoconhecimento restaura a nossa autoconfiança e
nossa auto-estima, pois, se de um lado sabemos o que não temos, de outro
ficamos inteiramente a par da nossa potencialidade e das nossas qualidades. Por
isso ele nos leva ao auto-amor, fundamental para que aprendamos a amar ao
próximo.
Conhecendo quem somos e quem podemos vir a ser, ficamos
em paz com nós mesmos. O autoconhecimento nos devolve o controle da nossa vida.
XI.
PRINCÍPIO DA
AUTOTRANSFORMAÇÃO
(Entendendo que todo apego é uma prisão,
buscamos a liberdade na nossa Autotransformação).
Entendendo que nossos atos são reflexos do nosso
“reservatório moral”, ou seja, do conjunto dos nossos conhecimentos,
concepções, valores, vivências, compreendemos que para nos libertarmos dos
nossos vícios não basta deixarmos de usar a droga ou de praticar o ato vicioso, seja ele qual for.
Pelo contrário é preciso transformar o nosso próprio
“reservatório” para que
não corramos mais o risco de voltar a praticar os mesmos
atos. Assim, precisamos mudar os nossos valores, os nossos conceitos sobre a
vida, sobre nós e sobre as outras pessoas.
Dominamos o vício através da abstinência, mas a
dependência propriamente dita, aquela necessidade de buscar os vícios para
viver, necessidade que se esconde no íntimo da nossa alma, esta nós só vencemos
mudando toda a nossa estrutura: ética, moral, psíquica, emocional.
Eliminar tudo o que nos é prejudicial e buscar melhorar
a cada dia.
XII.
PRINCÍPIO DO AMOR
(Entendendo que
evoluir é capacitar-nos para o amor verdadeiro, resolvemos que é preciso seguir
o roteiro proposto pela máxima cristã
“Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”)
Sabemos agora que evoluir é aprender a amar, ou, em
outras palavras, o processo de evolução é o processo de aprendizado do amor
universal. Isso significa que, considerando o nosso nível atual de evolução,
ainda não temos a mínima noção do que seja o amor universal e incondicional,
apregoado pelo Cristianismo.
O amor verdadeiro, como todas as demais virtudes, não
acaba e jamais regride para um sentimento menor como costumamos pensar.
O amor verdadeiro não é exigente, não cobra, não impõe
condições. Ele nos dá a mais perfeita compreensão da necessidade do outro e faz
nascer em nossos corações o desejo sincero de que ele viva o que precisa viver
para a sua própria evolução, ainda que isso signifique que devamos nos privar
da sua companhia. Quem ama não encarcera, liberta.
Quando Jesus nos disse “Amai a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo”, ele estava nos dando a “fórmula” que nos
leva ao aprendizado do verdadeiro amor. Primeiro aprendemos a amar a Deus
encontrando-o na sua criação, percebendo a sua grandeza no ar que respiramos,
no oceano, no calor do sol e no aconchego da lua, na beleza das plantas e no
vigor dos animais.
A partir daí experimentamos a maravilhosa sensação de
nos percebermos como
Criação Divina, tal como o sol, tal como os planetas,
tal como o universo. Criatura divina, diferenciada, individualizada: uma sem
igual dentre bilhões de outros seres. A partir da percepção da grandeza dessa
realidade, aprendemos a nos amar e, só assim, teremos condições de perceber e
amar verdadeiramente a todos os nossos irmãos em Deus.
Tendo entendido e estando praticando o princípio da
alteridade, cada dia mais nos
capacitamos para a vivencia do amor universal, em toda a sua plenitude, sem
considerar as diferenças de qualquer natureza e ordem. O amor que transcende a
raça humana, a natureza da Terra, os
seres vivos, abarcando o infinito cósmico, o conjunto da criação divina.
O amor é
pois o princípio, o meio e o fim da nossa trajetória evolutiva!