Parentescos e Afinidade
Cada espírito que se encarna traz em si mesmo a sua personalidade já formada em encarnações anteriores. As semelhanças de características psíquicas e morais entre pais, filhos e outros descendentes não provêm da carne, mas do espírito. Cada ser humano é o que ele é por si mesmo. Há, portanto, um paralelismo cartesiano entre hereditariedade e afinidade. Admitindo-se isso, que hoje é considerado com atenção em grandes centros de pesquisas científicas, é fácil compreendermos a necessidade de independência não apenas social, mas também afetiva, para os filhos que se emancipavam e especialmente para os que constituíram a sua própria família.
As afinidades espirituais não implicam dependência e sujeição, porque cada espírito é o responsável direto pela sua evolução. Os pais são responsáveis pelos filhos no tocante à orientação que lhes fornecem pelos exemplos e pela educação. Mas não podem querer sujeitá-los às suas idéias e formas de vida.
Afinidade não quer dizer identidade. Gostamos de nos reunir com pessoas afins porque nos entendemos melhor com elas, mas nem por isso pensamos e vivemos exatamente da mesma maneira. Se assim fosse, a evolução teria de estagnar. Nossos filhos mais afins, mais ligados a nós podem tomar caminhos diferentes do nosso. E devemos respeitar-lhes o desejo de novas experiências, sem que isso importe em rompimento conosco. Cada espírito deve ter a jurisdição de si mesmo.
É por isso que Emmanuel nos lembra o amor sem apego, sem intenções de sujeição, para que não criemos problemas à liberdade de ação e de experiências dos filhos casados. Devemos ampará-los, auxiliá-los e não torturá-los com as nossas exigências
Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença"
do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.
do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.