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Incorporação
Com o sugestivo
nome de psicofonia, a mediunidade de Incorporação foi magnificamente estudada
em Nos Domínios da Mediunidade.
Que é a
incorporação ou psicofonia?
É a faculdade
que permite aos Espíritos, utilizando os órgãos vocais do encarnado,
transmitirem a palavra audível a todos que presentes se encontrem.
É a faculdade
mais frequente em nosso movimento de intercâmbio com o mundo extracorpóreo.
É através dela
que os desencarnados narram, quando desejam, os seus aflitivos problemas,
recebendo dos doutrinadores, em nome da fraternidade cristã, a palavra do
esclarecimento e da consolação.
Se não houvesse
essas reuniões, que possibilitam a incorporação ou comunicação psicofônica, os
obreiros da Espiritualidade teriam as suas tarefas aumentadas com o serviço de
socorro às entidades que, nas regiões de sofrimento, carpem as aflições do
remorso e do rancor.
Entidades
superiores teriam que reduzir as próprias vibrações, a fim de se tornarem
visíveis ou de se fazerem ouvidas aos irmãos Infortunados, e transmitir-lhes o
verbo do reconforto, como, certamente, ocorria antes do advento do Espiritismo,
que trouxe aos homens de boa vontade, através da oportunidade do serviço
mediúnico, sublime campo para a exercitação do amor.
Os grupos
mediúnicos têm, assim, valioso ensejo de colaboração na obra de esclarecimento
dos Espíritos endurecidos, tornando-se legatários da majestosa tarefa que,
antes, pertencia exclusivamente aos obreiros desencarnados.
Referindo-se
aos benefícios recebidos pelos Espíritos nas sessões mediúnicas, é oportuno
lembrarmos o que afirmam mentores abalizados.
Léon Denis, por
exemplo, acentua que, no Espaço, sem a bênção da incorporação, os seus fluidos,
ainda grosseiros, «não lhes permitem entrar em relação com Espíritos mais adiantados.
O Assistente
Áulus, focalizando o assunto, esclarece que eles «trazem ainda a mente em teor
vibratório idêntico ao da existência na carne, respirando na mesma faixa de
impressões».
Emmanuel, com a
sua palavra sempre acatada, salienta a necessidade do serviço de esclarecimento
aos desencarnados, uma vez que se conservam, por algum tempo, incapazes de
apreender as vibrações do plano espiritual
superiOr».
Evidentemente,
embora vazadas em termos diferentes, há perfeita concordância nas três
opiniões, o que vem confirmar o que para nós não constitui nenhuma novidade: a
universalidade do ensino dos Espíritos Superiores.
No gráfico que
ilustra o presente capítulo, tomamos por base uma comunicação grosseira, isto
é, de entidade não esclarecida que, incapaz de perceber vibrações mais sutis,
necessita da incorporação a fim de ver pelos olhos do médium, ouvir pelos
ouvidos do médium, falar pela boca do médium...
Se os
postulados da Doutrina nos ensinam semelhante verdade, os novos conhecimentos
trazidos por André Luiz, inclusive através de «Nos Domínios da Mediunidade»,
levam-nos a aceitá-la pacificamente.
Vejamos como
esse Amigo Espiritual descreve a incorporação de entidade de baixo padrão
vibratório:
«Notamos que
Eugênia-alma afastou-se do corpo, mantendo-se junto dele, a distância de alguns
centímetros, enquanto que, amparado pelos amigos que o assistiam, o visitante
sentava-se rente, inclinando-se sobre o equipamento mediúnico ao qual se
justapunha, à maneira de alguém a DEBRUÇAR-SE NUMA JANELA.» A verdade
doutrinária não se altera, pois inamovíveis são os fundamentos do Espiritismo:
quanto mais materialidade, menos distância; quanto mais espiritualidade, mais
distância.
A circunstância
de verificar-se tão acentuada ímantação entre Espírito e médium, nas
comunicações dessa natureza, aliada ao fato de o medianeiro refletir, em
virtude da íntima e profunda associação das duas mentes, os pesares, rancores,
aflições, ódios e demais sentimentos do comunicante, com dolorosa repercussão
no organismo físico, induz-nos a opinar pelas seguintes abstenções de
senhoras-médiuns nas tarefas de desobsessões:
a) — A partir
do 3º mês de gestação.
b) — Pelo menos
uma vez, ao mês, em dia por ela julgado inoportuno à realização de serviços
mediúnicos mais pesados.
A abstenção
referida na alínea «a» objetiva, inclusive, preservar o reencarnante das
vibrações pesadas do comunicante, atendendo a que, estando a mente do filhinho
intimamente associada à da futura mãe, naturalmente se associará, também, à do
Espírito, já ligada a do médium consoante demonstração gráfica.
Se o médium
tivesse sempre a certeza de que a sua faculdade seria utilizada,
exclusivamente, por Espíritos Superiores, teríamos, evidentemente, suprimido a
abstenção da alínea «a».
Na incorporação
o médium cede o corpo ao comunicante, mas, de acordo com os seus próprios
recursos, pode comandar a comunicação, fiscalizando os pensamentos,
disciplinando os gestos e controlando o vocabulário do Espírito.
Reconhecemos —
é bom que se diga — haver casos em que o médium não consegue exercer esse
controle, por ser a vontade do comunicante mais firme do que a sua; todavia,
temos de convir que o médium terá sempre meios de cultivar a sua faculdade,
educando-a no sentido de, na própria expressão de Áulus, agir qual se fosse
enfermeiro «concordando com os caprichos de um doente, no objetivo de ajudá-lo.
Esse capricho,
porém, deve ser limitado, porque, consciente de todas as intenções do
companheiro infortunado a quem empresta o seu carro físico», o médium deve
reservar-se ao direito de corrigi-lo em qualquer inconveniência».
O pensamento do
Espírito, antes de chegar ao cérebro físico do médium, passa pelo cérebro
perispirítico, resultando disso a propriedade que tem o medianeiro, EM TESE, de
fazer ou não fazer o que a entidade pretende.
A prova desse
controle, que o médium desenvolvido exerce, está na revolta demonstrada pelo
Espírito, ao completar-se a incorporação:
Vejo! Vejo!...
Mas por que encantamento ME PRENDEM AQUI? Que ALGEMAS ME AFIVELAM a este móvel
pesado?»
A explicação
encontra-se na palavra do Assistente:
“O sofredor —
disse o Assistente, convicto —, ao contacto das forças nervosas da médium,
revive os próprios sentidos e deslumbra-se. Queixa-se das cadeias que o
prendem, cadeias essas que em cinqüenta por cem decorrem da contenção cautelosa
de Eugênia. »
Mais adiante,
outra exclamação do Espírito:
«Quem poderá
suportar esta situação? Alguém me hipnotiza? Quem me fiscaliza o pensamento?
Valerá restituir-me a visão, manietando-me os braços?
«Fixando-o com
simpatia fraterna, o Assistente informou-nos:
— «Queixa-se
ele do controle a que é submetido pela vontade cuidadosa de Eugênia. »
A conclusão que
o fato nos deixa é a de que a entidade, realmente alucinada, desejaria bater à
mesa, gritar, expandir-se, etc.; entretanto, a vontade firme da médium a impede
de realizar o seu objetivo. A educação mediúnica, aliada à melhoria interior,
sob o ponto de vista moral, possibilita, indiscutivelmente, a disciplina do
comunicado.
O médium
negligente, ainda não suficientemente educado, favorece a turbulência nas
comunicações de Espíritos violentos.
Sem exigir-se o
impossível dos médiuns, porque ninguém se julgará com direito, em sã
consciência, a semelhante exigência, é justo lhes seja lembrado que o
aprimoramento espiritual, o devotamento, a bondade.. com todos e o desejo de
servir conduzem o medianeiro ao maior controle da própria vontade, assegurando,
assim, o êxito da tarefa.
( Estudando a Mediunidade - Martins Peralva - Cap. IX)