A Religião Espírita
Jesus ensinou o “Amor Universal”. Para
Deus, o que importa não é a forma de crer, mas o amor a Ele acima de tudo, e a
prática do amor aos nossos irmãos em humanidade. “Fora da caridade não há salvação”, afirmou Kardec, baseando-se em
que Deus é o mesmo para todos, e, segundo Jesus, “os meus discípulos serão
conhecidos por muito se amarem”.
A Religião é a face augusta e soberana
da Verdade, porém, na inquietação que lhes caracteriza a existência na Terra,
os homens se dividiram em numerosas religiões, como se a fé pudesse ter
fronteiras, semelhantes as das pátrias materiais, tantas vezes mergulhadas no
egoísmo e na ambição de seus filhos. Daí o nascimento no mundo das lutas
antifraternais e das dissensões religiosas de todos os tempos.
O homem tem se preocupado muito mais
com a pretensa superioridade da sua religião do que com as transformações para
melhor que ela poderia lhe proporcionar. A defesa da superioridade absoluta de
sua fé, por entendê-la como a única verdadeira – e, por conseguinte, a melhor –
tornou-se fator decisivo de desentendimentos e conflitos armados em nome de
Deus.
A espiritualidade do homem, apesar de
ter sido pregada e exemplificada ativamente por Jesus, permaneceu, ao longo dos
séculos, muito restrita a especulações metafísicas, e limitada a um número
muito pequeno de interessados ou “iluminados”. Todo o conteúdo ético do
Evangelho foi modificado pelas práticas exteriores, pela ostentação e pela
religiosidade formal, principalmente a partir do século III, quando o Cristianismo
se tornou a religião oficial do Império Romano.
Com a Doutrina Espírita:
“O
Espírito voltou a ser conceituado e tido na sua legítima acepção, demonstrando,
pela insofismável linguagem dos fatos, a realidade, em rigoroso apelo ao
pensamento e à razão, no sentido de fazer ressurgir a ética religiosa do
Cristianismo. Através desse renascimento cristão, opõe-se uma barreira ao
materialismo e aponta-se ao que sofre o infinito horizonte do amanhã ditoso que
espera após vencidas as dificuldades do momento, superadas as limitações,
espírito que é, em marcha na direção da verdade.” (Joanna de Ângelis, em
Estudos Espíritas)
O Espiritismo deve prevalecer por sua
força de verdade, por seu saber, pelo conhecimento, que transferem certeza e
não apenas crença.
O espírita é religioso porque entende
a própria realidade espiritual e reconhece a Paternidade Divina pelo
raciocínio, orando a Deus justamente por reconhecê-Lo como Pai e Criador.
A religião verdadeira nasce no coração
daquele que, maduro para a vida espiritual, compreende toda a sua realidade de
Espírito Imortal em jornada de ascensão.
A Doutrina Espírita é um conjunto de
conhecimentos capaz de despertar no homem a religiosidade natural, que nasce do
raciocínio, da maturidade do espírito. Não necessita de dogmas, cultos ou
sistemas. O Espiritismo deve manter a imparcialidade necessária para acolher “aqueles que têm olhos de ver e ouvidos de
ouvir”, os simples, os pacíficos, os misericordiosos, os que amam a Deus em
Espírito e Verdade.
O âmbito de ação do Espiritismo é bem
maior do que o das religiões institucionalizadas. Como Religião Natural,
permite ao homem alcançar as luzes de Deus, pela análise de Sua obra, pela
observação de Seu pensamento materializado na Natureza. Com a Doutrina dos
Espíritos, o homem vê Deus através de si mesmo, réplica que é do Pai Celestial,
tendo em seu corpo o verdadeiro templo.
A religiosidade brota assim no
Espírito que, entendendo a vida, compreende Deus naturalmente.
O Espiritismo não se considera a
VERDADE, a RELIGIÃO, também não reserva para si ou para seus adeptos
privilégios ou prerrogativas na ordem das coisas. Apenas apresenta, de modo
racional, respostas para velhos problemas da humanidade: o que somos, de onde viemos, por que estamos aqui e para onde vamos,
começando exatamente onde as demais religiões cristãs pararam: a demonstração
da imortalidade. Enquanto elas se limitam a meras especulações, a Doutrina
Espírita “vai lá”, desdobrando-nos a realidade, à distância das ingênuas e
fantasiosas especulações dos teólogos medievais.
É nosso costume colocar, para
finalizar a apresentação de nossas pesquisas, um ou mais trechos de livros que,
no nosso entender, sintetizem o assunto estudado.
Escolhemos Emmanuel, em dois momentos
de sua obra, psicografada pelo nosso saudoso Chico Xavier.
O primeiro, respondendo sobre qual o
maior dos três aspectos do Espiritismo: científico, filosófico ou religioso.
Livro
O Consolador:
“Podemos
tomar o Espiritismo, simbolizado desse modo, como um triângulo de forças
espirituais.
A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa
figura simbólica, porém, a Religião é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu
aspecto científico e filosófico, a doutrina será sempre um campo nobre de
investigações humanas, como outros movimentos coletivos, de natureza
intelectual, que visam o aperfeiçoamento da Humanidade. No aspecto religioso,
todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do
Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para
a grandeza do seu imenso futuro espiritual.”
Livro
Religião dos Espíritos:
“Porque
a Doutrina Espírita é em si a liberalidade e o entendimento, há quem julgue
seja ela obrigada a misturar-se com todas as aventuras marginais e com todos os
exotismos, sob pena de fugir aos impositivos da fraternidade que veicula.
Dignifica,
assim, a Doutrina que te consola e liberta, vigiando-lhe a pureza e a
simplicidade, para que não colabores, sem perceber, nos vícios da ignorância e
nos crimes do pensamento.
“Espírita”
deve ser o teu caráter, ainda mesmo te sintas em reajuste, depois da queda.
“Espírita”
deve ser a tua conduta, ainda mesmo que estejas em duras experiências.
“Espírita”
deve ser o nome de teu nome, ainda mesmo que respires em aflitivos combates
contigo mesmo.
“Espírita”
deve ser o claro adjetivo de tua instituição, ainda mesmo que, por isso, te
faltem as passageiras subvenções e honrarias terrestres.
Doutrina
Espírita quer dizer Doutrina do Cristo.
E
a Doutrina do Cristo é a doutrina do aperfeiçoamento moral em todos os mundos.
Guarda-a, pois, na
existência, como sendo a tua responsabilidade mais alta, porque dia virá em que
serás naturalmente convidado a prestar-lhe contas.”
(Parte integrante da Apostila Mediunidade com Jesus - FEGC-MG)