Escrevendo acerca do corpo espiritual, que Allan Kardec
denominou períspirito, não se propõe André Luiz traçar esse ou aquele estudo
mais profundo, fazendo a discriminação dos princípios que o estruturam, com o
fim de equacionar debatidos problemas da filosofia e da religião.
Desde tempos remotos, a Humanidade reconheceu-lhe a
existência como organismo sutil ou mediador plástico, entre o espírito e o
corpo carnal.
No Egito, era o Ka para os sacerdotes; na Grécia era o
eidolon, na evocação das sibilas.
Ontem, Paracelso designava-o como sendo o corpo sidéreo e,
não faz muito tempo, foi nomeado como somod nas investigações de Baraduc.
André Luiz, porém, busca apenas acordar em nós outros a
noção da imortalidade, principalmente destacando-o, aos companheiros
encarnados, qual forma viva da própria criatura humana, presidindo, com a
orientação da mente, o dinamismo do casulo celular em que o espírito - viajor
da Eternidade- se demora por algum tempo na face da Terra, em trabalho
evolutivo, quando não seja no duro labor da própria regeneração. E assim
procedeu, acima de tudo, para salientar que, atingindo a maioridade moral pelo
raciocínio, cabe a nós mesmos aprimorar-lhe as manifestações e enriquecer-lhe
os atributos, porque todos os nossos sentimentos e pensamentos, palavras e
obras, nele se refletem, gerando consequências felizes ou infelizes, pelas
quais entramos na intimidade da luz ou da sombra, da alegria ou do sofrimento.
Apreciando-lhe a evolução, nosso amigo simplesmente
esclarece que o homem não está sentenciado ao pó da Terra, e que da imobilidade
do sepulcro se reerguerá para o movimento triunfante, transportando consigo o
céu ou o inferno que plasmou em si mesmo.
Em suma, espera tão-somente encarecer que o Espírito
responsável, renascendo no arcabouço das células físicas, é mergulhado na
carne, qual a imagem na câmara escura, em fotografia, recolhendo, por seus
atos, nessa posição negativa, todos os característicos que lhe expressarão a
figura exata, no banho de reações químicas efetuado pela morte, de que extrai a
soma de experiências para a sua apresentação positiva na realidade maior.
O apóstolo Paulo, no versículo 44 do capítulo 15 de sua
primeira epístola aos coríntios, asseverou, convincente:
-"Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual.
Se há corpo animal, há também corpo espiritual."
-Nessa preciosa síntese, encontramos no verbo
"semear" a ideia da evolução filogenética do ser e, dentro dela, o
corpo físico e o corpo espiritual como veículos da mente em sua peregrinação
ascensional para Deus.
É para semelhante verdade que André Luiz nos convida a
atenção, a fim de que por nossa conduta reta de hoje possamos encontrar a
felicidade pura e sublime, ao sol de amanhã.
Emmanuel
(Pedro Leopoldo, 21 de julho de 1958)
Livro “Evolução em Dois mundos”
Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. - Autor
Espiritual: André Luiz.