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PARÁBOLAS
A palavra portuguesa "parábola", vem
diretamente do grego "parabolé", significando "pôr ao lado
de", com o sentido de "comparar", a fim de servir
especificamente como uma ilustração de alguma verdade ou ensino. Uma parábola é
uma forma de discurso, ou uma estória ou um dito para ilustrar uma lição que se
deseja ensinar. A parábola verídica é uma ilustração da vida real, e seu
ensinamento é universalmente reconhecido. Parábolas na forma de estórias
referem-se a um evento que ocorreu no passado e que se centralizam numa só
pessoa. As ilustrações são estórias que projetam um exemplo que deve ser
imitado. As parábolas também se referem a ditos sapiencias breves, que talvez
tenham circulado como provérbios nos dias de Jesus : "Médico, cura-te a ti
mesmo", Lc. 4:23.
Originalmente, a parábola era uma narrativa
curta, usando detalhes da vida cotidiana para ilustrar noções morais, sendo um
eficaz recurso pedagógico porque exprimia as coisas em termos compreensíveis e
facilitavam a sua recordação. Entretanto, parecem ter sofrido intervenção
externa, mais do que a maioria dos outros materiais. Em algum momento
primordial da história da sua transmissão, elas começaram a ser consideradas
mistérios, com significação oculta, ou pelo menos alegorias, mudança que é
refletida na utilização que lhes é dada nos Evangelhos. Acrescentam-se por
vezes interpretações que só se destinam aos discípulos e, pelo menos num caso,
Mt. 13:24-30, suspeita-se que o escritor do Evangelho tenha criado a sua
parábola e respectiva interpretação, atribuindo sua autoria a Jesus, segundo
alguns críticos.
Certamente, Jesus Cristo não é o autor do
gênero literário parabólico, embora com Ele, as parábolas sejam sui generis, em
criatividade e objetividade. As parábolas já existiam no Velho Testamento, os
eruditos alistam cerca de 11 parábolas nos escritos canônicos. Os hebreus eram
grandes contadores de histórias, era natural que as parábolas viessem a fazer
parte dos escritos sagrados e comentários daquele povo. Os escritos rabínicos
contém excelentes parábolas, uma delas nos informa a razão pela qual Abraão é
chamado de "a rocha de que fostes cortados", Is 51:1 Yalqut sobre Nm.
7:66. No apócrifo essênio do Gênesis, uma fábula descreve como a palmeira (
Sara ), pede que o cedro ( Abraão ) seja poupado, colocando em cena as plantas,
que se comportam como seres humanos; em Jesus Cristo, não encontramos fábula,
nenhuma figueira ou videira a falar! No livro de Enoque Etíope, lê-se um resumo
da história de Israel na forma duma longa alegoria de animais; Jesus de fato
emprega as metáforas correntes, na sua maioria procedentes do V.T. e que
estavam na boca de todos, mas nunca compôs alegorias! Nem em toda a literatura
intertestamentária do judaísmo antigo, nem nos escritos essênios, nem em Paulo,
nem mesmo na literatura rabínica, achamos algo que possa ser posto em paralelo
com as parábolas de Jesus. Para encontrarmos algo comparável, deveríamos
retroceder em direção a pregação profética, como na parábola de Natan em 2Sm
12:1-7, ao cântico da vinha em Is. 5: 1-7. Mesmo nestes casos, trata-se de um
testemunho esparso, ao passo que os Sinóticos nos transmitem cerca de 41
parábolas de Jesus, segundo alguns críticos. Hoje, é reconhecido que elas são
parte integrante da rocha original da tradição - sem prejuízo da necessidade da
análise crítica de cada uma das parábolas em particular e da história de sua
tradição.
Parece que Marcos apresenta um exemplo
significativo de interpretação alegórica, embora não segundo o estilo
veterotestamentário, na parábola do semeador contada por Jesus Cristo. Esta
pode muito bem manter-se como tal, o que parece ser tudo o que Jesus pretendia
que fosse. Muito provavelmente, Marcos incorpora uma leitura da parábola que
era corrente na Igreja primitiva, dando-lhe uma interpretação alegórica. Somente
com o surgimento da "crítica alta" - o estudo da Bíblia em termos
histórico-literários - a apreciação do sentido literal instala-se por completo,
com isto as parábolas de Jesus puderam ser lidas apenas como tais, sem ter
imposta a si uma carga de alegorização.
As parábolas de Jesus não eram sempre
compreendidas por seus discípulos, aos quais interpretou muitas das Suas
parábolas, nem por muitos dos Seus seguidores e ouvintes. Parece existir a
questão do ocultamento do significado parabólico de todos : introduz-se a idéia
do "segredo messiânico", visto por alguns estudiosos da Escritura. A
ocultação intencional de Jesus foi interpretada também como uma forma de
manifestação da rejeição divina dos judeus incrédulos, sem com isso, explicar
porque o segredo da ocultação messiânica é repetidamente violado, e porque os
discípulos escolhidos não compreendem o segredo a eles revelado. De acordo com
alguns críticos, deixar de compreender a Cristo é deixar de compreender as suas
verdades; mas Ele veio buscar e salvar ( Lc. 19:10 ), o que significaria que
Ele teria vindo para ensinar claramente aos homens o caminho da salvação. Não é
concebível que tenha vindo para enganar. Com isto, concluem alguns que os
homens mal entendiam a Cristo, em função das atitudes negativas deles, um
aspecto da lei da colheita segundo a semeadura : a fé no homem Jesus como o
Filho de Deus, só é possível se baseada na fé na ação divina manifestada na
cruxificação e ressurreição de Jesus Cristo.
As parábolas de Jesus retratam a vida diária,
embora em alguns casos haja um exagero deliberado, como em Mt. 18:24; ou
implicações alegóricas que possam ser detetadas. Aquelas que Cristo ensinava,
não eram alegóricas em que cada nome, lugar ou pormenor é simbólico no sentido
de exigir uma interpretação. As parábolas incluem metáforas e símiles, mas
nunca estão longe da realidade e nunca transmitem idéias fictícias. São
estórias tiradas do mundo existencial em que Jesus Cristo vivia e são contadas
com o propósito de transmitir uma verdade espiritual.
Jesus era conhecedor da vida humana em todas as suas formas e
variantes, em todos os seus modos e meios. Era familiarizado com a vida do
agricultor, do vinhateiro, do pescador, do construtor e do mercador. Algumas
profissões eram por Ele conhecidas, como as de ministro da fazenda, juiz,
cobrador de impostos e administrador. Conhecia os fariseus e os peritos da lei.
Jesus se sentia a vontade em todos os níveis sociais e sabia ministrar a todas
as pessoas independentemente da sua posição social, formação e profissão. Por
meio de parábolas, o Cristo levou a todos a mensagem de salvação, conclamava
Seus ouvintes a se arrependerem e a crerem, desafiava os crentes da época a
praticar a sua fé e exortava Seus seguidores a exercerem a vigilância.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.
1. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã; W. Elwell,editor;
Edições Vida Nova; 1990.
2. A Bíblia Como Literatura; Gabel e Wheeler; Edições Loyola;1993.
3. Introdução Ao Novo Testamento; W.G. Kummel; Edições Paulinas;1982.
4. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia; R. N. Champlin e J.M.
Bentes; Editora Candeia; 1995.
5. Teologia do Novo Testamento; J. Jeremias; Edições Paulinas; 1977.
© Franco, W.O wofranco@biohard.com.br
O TESOURO
DAS PARÁBOLAS
DEFINIÇÃO: história terrestre, possível de acontecer, com sentido celestial.
Verbos no passado (ex: Filho pródigo Lucas. 15:11-32 ).
METÁFORA: figura de linguagem pela qual se diz que algo é o que não é; para
causar uma idéia de semelhança imaginária entre dois indivíduos ou coisas. (ex:
Disse Jesus: " Eu sou a porta... ").
SÍMILE OU COMPARAÇÃO: é a mesma coisa que metáfora mas é introduzida por: como, tal, qual,
tal como, tal qual, semelhante, similar. A semelhança tem de ser imaginária.
(ex: METÁFORA - "eu sou o bom pastor”).
SÍMILE : "eu sou como o bom pastor
que dá a sua vida pela suas ovelhas”.
FÁBULA: Lições morais em que animais
agem tal qual ser humano, contém detalhes inverossímeis.
SIMILITUDE: são parábolas com os verbos no presente. Expressa o que costuma
acontecer. (ex: Parábola da Candeia, Lucas 11:33).
ALEGORIA: tem uma lição independente para cada detalhe. Qualquer coisa pode
significar qualquer coisa, dependendo da imaginação do intérprete; não há lição
principal.
(ex: Algo vermelho - sangue de Cristo... redenção dos “pecados”).
TRANSCULTURAL: - são válidas em toda parte.
INTEMPORAL: - falam ao fundo do nosso ser, alheios ao que ocorre na superfície da
nossa vida ou no fluir dos acontecimentos que nos rodeiam.
SIMBÓLICO: - comunicação não verbal. Para os eruditos ou para os ignorantes.
Para os modernos ou para os antiquados.
SUBVERSIVO: - desafiam a ordem estabelecida, as estruturas sociais e os sistemas de
valores. Desmascaram a vida cotidiana.
CAIXAS DE RESSONÂNCIA: - são um espelho. Através destas, o ouvinte vê-se a si próprio como é, e
não como pretende ser.
PROVOCADOR: - forçam o ouvinte a reavaliar as pautas do próprio comportamento,
pensamento e emoções. Sacodem-nos, induzindo-nos a reformar-nos e a
renovar-nos.
Tiram-nos do engano a respeito de nós mesmos e da falta de verdadeiros
propósitos.
PROFÉTICO E PROCLAMADOR: - o que se deve e o que se não deve aceitar.
Manifestam a fidelidade definitiva de Deus que é amor e, como tal,
resposta para todos os conflitos humanos.
PROPÓSITO DAS PARÁBOLAS
As parábolas de Jesus foram contadas para provocar reação, para forçar
os ouvintes a tomarem decisões. "Que pensais vós?" Exigia dos
ouvintes respostas a pergunta ou lhes levava a tomar uma atitude.
A parábola é contada não para entretenimento, mas para mover os
ouvintes à ação: “Vai tu e faze o mesmo... Que vos parece?... Quem dentre
vós?... Qual dos dois fez a vontade do pai?”.
A parábola não indica lições explicitamente. Apenas sugere,
implicitamente. O auditório tem que raciocinar, tem que esforçar-se para achar
o seu sentido. Os acomodados não percebem a riqueza dessas histórias. Ouvem mas
não entendem.
O MÉTODO DAS PARÁBOLAS DE JESUS
Então se aproximaram os discípulos, e lhe perguntaram: “Porque lhes
falas por parábolas? Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os
mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido”. Mateus
13,10-11
A
PARTIR DA VIDA PARA CHEGAR À VIDA
Jesus partia da vida concreta do povo ao qual se dirigia.
Hoje poderíamos dizer que estas mesmas parábolas evidentemente não
correspondem à vida concreta das pessoas em nossa sociedade industrializada.
Mas se observarmos três traços no método de parábolas de Jesus,
observaremos, Sua atenção ao:
• Comportamento
• Ao diálogo
• À experiência
"Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma perdida” - Lucas 15:9.
"Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a
misericórdia e não o sacrifício” - Mateus 9:13, 12:7.
Jesus é o bom e meigo Pastor das almas, que nos acena com a sua
imorredoura mensagem, dando a certeza de que "O Pai não quer a morte do
ímpio, mas que ele se redima e viva".
Fonte: http://www.ceallankardec.org.br/jesus%20parabolas.htm
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