I
A Gênese planetária
A COMUNIDADE DOS ESPÍRITOS PUROS
Rezam as tradições do mundo
espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma
Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em
cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades
planetárias.
Essa Comunidade de seres
angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi
dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de
problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas
vezes no curso dos milênios conhecidos.
A primeira verificou-se quando o
orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no
Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da
vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda
do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho
de amor e redenção.
A CIÊNCIA DE TODOS OS TEMPOS
Não é nosso propósito trazer à
consideração dos estudiosos uma nova teoria da formação do mundo. A Ciência de
todos os séculos está cheia de apóstolos e missionários. Todos eles foram
inspirados ao seu tempo, refletindo a claridade das Alturas, que as
experiências do Infinito lhes imprimiram na memória espiritual, e
exteriorizando os defeitos e concepções da época em que viveram na feição
humana de sua personalidade.
Na sua condição de operários do
progresso universal, foram portadores de revelações gradativas, no domínio dos
conhecimentos superiores da Humanidade. Inspirados de Deus nos penosos esforços
da verdadeira civilização, as suas idéias e trabalhos merecem o respeito de todas
as gerações da Terra, ainda que as novas expressões evolutivas do plano
cultural das sociedades mundanas tenham sido obrigadas a proscrever as suas
teorias e antigas fórmulas.
Lembrando-nos, porém, mais
detidamente, de quantos souberam receber a intuição da realidade nas
perquirições do Infinito, busquemos recordar o globo terráqueo nos seus
primeiros dias.
OS PRIMEIROS TEMPOS DO ORBE TERRESTRE
Que força sobre-humana pôde
manter o equilíbrio da nebulosa terrestre, destacada do núcleo central do
sistema, conferindo-lhe um conjunto de leis matemáticas, dentro das quais se
iam manifestar todos os fenômenos inteligentes e harmônicos de sua vida, por
milênios de milênios? Distando do Sol cerca de 149.600.000 quilômetros e
deslocando-se no espaço com a velocidade diária de 2.500.000 quilômetros, em
torno do grande astro do dia, imaginemos a sua composição nos primeiros tempos
de existência, como planeta.
Laboratório de matérias
ignescentes, o conflito das forças telúricas e das energias físico-químicas
opera as grandiosas construções do teatro da vida, no imenso cadinho onde a
temperatura se eleva, por vezes, a 2.000 graus de calor, como se a matéria
colocada num forno, incandescente, estivesse sendo submetida aos mais diversos
ensaios, para examinar-se a sua qualidade e possibilidades na edificação da
nova escola dos seres. As descargas elétricas, em proporções jamais vistas da
Humanidade, despertam estranhas comoções no grande organismo planetário, cuja formação
se processa nas oficinas do Infinito.
A CRIAÇÃO DA LUA
Nessa computação de valores
cósmicos em que laboram os operários da espiritualidade sob a orientação
misericordiosa do Cristo, delibera-se a formação do satélite terrestre.
O programa de trabalhos a
realizar-se no mundo requeria o concurso da Lua, nos seus mais íntimos
detalhes. Ela seria a âncora do equilíbrio terrestre nos movimentos de
translação que o globo efetuaria em torno da sede do sistema; o manancial de
forças ordenadoras da estabilidade planetária e, sobretudo, o orbe nascente
necessitaria da sua luz polarizada, cujo suave magnetismo atuaria decisivamente
no drama infinito da criação e da reprodução de todas as espécies, nos variados
remos da Natureza.
A SOLIDIFICAÇÃO DA MATÉRIA
Na grande oficina surge, então, a
diferenciação da matéria ponderável, dando origem ao hidrogênio.
As vastidões atmosféricas são
amplo repositório de energias elétricas e de vapores que trabalham as
substâncias torturadas no orbe terrestre. O frio dos espaços atua, porém, sobre
esse laboratório de energias incandescentes e a condensação dos metais
verifica-se com a leve formação da crosta solidificada.
É o primeiro descanso das
tumultuosas comoções geológicas do globo. Formam-se os primitivos oceanos, onde
a água tépida sofre pressão difícil de descrever-se. A atmosfera está carregada
de vapores aquosos e as grandes tempestades varrem, em todas as direções, a
superfície do planeta, mas sobre a Terra o caos fica dominado como por encanto.
As paisagens aclaram-se, fixando a luz solar que se projeta nesse novo teatro
de evolução e vida.
As mãos de Jesus haviam
descansado, após o longo período de confusão dos elementos físicos da organização
planetária.
O DIVINO ESCULTOR
Sim, Ele havia vencido todos os
pavores das energias desencadeadas; com as suas legiões de trabalhadores
divinos, lançou o escopo da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe,
que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e compassivas.
Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a escola abençoada e
grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandir-se em amor, claridade e
justiça. Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os
regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o equilíbrio
futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os
espectroscópios terrenos puderam identificar por toda a parte no universo
galáxico. Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o
indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica
adequada ao homem, antecipando-se ao seu nascimento no mundo, no curso dos
milênios; estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da
estratosfera, onde se harmonizam os fenômenos elétricos da existência
planetária, e edificou as usinas de ozone a 40 e 60 quilômetros de altitude,
para que filtrassem convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a
composição precisa à manutenção da vida organizada no orbe. Definiu todas as
linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as forças
físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias.
O VERBO NA CRIAÇÃO TERRESTRE
A ciência do mundo não lhe viu as
mãos augustas e sábias na intimidade das energias que vitalizam o organismo do
Globo. Substituíram-lhe a providência com a palavra "natureza", em
todos os seus estudos e análises da existência, mas o seu amor foi o Verbo da
criação do princípio, como é e será a coroa gloriosa dos seres terrestres na
imortalidade sem fim. E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando
a luz do Sol beijava, em silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos mares
primitivos, Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento.
Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma
nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em
repouso.
Daí a algum tempo, na crosta
solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a
existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os
primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa,
nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o
germe sagrado dos primeiros homens.