“Eis que o semeador saiu a semear…” – Jesus. Mateus, 13: 3
As palavras de Jesus, ao iniciar a Parábola do Semeador, trazem em si valiosos ensinamentos.
“A semente é a palavra de Deus”, já nos dizia o Mestre segundo as anotações de Lucas no capítulo 8, versículo 11. Desta forma, foi Ele o Semeador por excelência.
Ninguém mais do que o Cristo divulgou a palavra de Deus através da exemplificação e, assim, ensinou-a a todos sem discriminação.
Mas, se foi Ele o maior de todos, compete a cada um de nós, candidatos a discípulos que somos, assumir a nossa parcela de responsabilidade diante do “ide e pregai …”.
Por tanto, ao reconhecermos que somos sempre semeadores, cabe definirmos sobre a qualidade da semeadura a que estamos vinculados.
O crente semeia a vida eterna.
O manso, a mansuetude.
O professor, novos conhecimentos.
O sábio, a sabedoria.
O Cristo semeou o amor.
E nós, o que estamos semeando?
É uma verdade que não podemos refutar: só damos o que possuímos. Assim, se queremos semear, é preciso possuirmos a semente. E semear com o Cristo é ter mos em nós a semente que Ele tão bem definiu: “a palavra de Deus”, e esta só pode existir em nós através do estudo e da vivência de suas leis.
É porque a Doutrina Espírita traz em seu bojo o instrumental, que necessitamos para a compreensão e a vivência evangélica, que podemos seguramente afirmar:
Estudemos o Espiritismo à luz do Evangelho do Cristo e estudemos o Evangelho do Cristo à luz do Espiritismo. Assim, estaremos nos capacitando a sermos semeadores da palavra divina.
(Parte integrante da apostila do curso de espiritismo e evangelho - Centro Espírita Amor e Caridade - Go)
·Por que estudar o Espiritismo? Porque, independentemente da vontade e mesmo da religião da pessoa, ela precisa saber que, em suas ações, é animada por um Espírito, mais evoluído ou menos evoluído, dependendo do que tenha feito de bom ou de mal, nesta ou em outras vidas.
·O que somos nós diante da Natureza? Nada existe fora da Natureza. Em tudo o que o homem é incapaz, quando tudo parece mistério, não estaremos diante de uma força superior, da presença de DEUS?
·Que tal fazermos algumas perguntas a nós mesmos? Como analisar e até julgar os outros, se não conheço a mim mesmo? Quem sou? De onde venho? Para aonde vou? O que tenho feito para a minha melhoria e dos que me rodeiam? Por que, embora da mesma família, cada membro pensa e age de forma diversa? Por que me afino com uns, e, com outros, não?
· “Nascer, morrer, renascer, progredir continuamente; tal é a lei”. (Frase atribuída a Allan Kardec, de quem falaremos oportunamente). NÃO SABER alguma coisa é menos mal do que NÃO QUERER SABER coisa alguma. Pouco importando a idade ou a posição social, todos nós devemos estar abertos ao aprendizado, ou seremos, por forças naturais, levados a aprender pelo sofrimento.
·Quais as forças que levam o homem ao Espiritismo? Dentre outras, as principais, podemos dizer: NECESSIDADE, CURIOSIDADE e VONTADE. Em regra, é pelo sofrimento, pelos infortúnios, pelas dores, e também por certa busca pelo desconhecido, havendo, ainda, quem deseje aprender, para saber do que se trata. Há, por fim, os pesquisadores metódicos, os cientistas, que procuram experimentar e provar o Espiritismo.
·O que disseram alguns homens de pensamento, quando descobriram ou desconfiaram haver algo além do físico ou da matéria? Herber Spencer, filósofo inglês, que viveu entre 1820 e 1903, disse: “Somos obrigados a confessar que a vida, em sua essência, não pode ser concebida em termos físico-químicos apenas”. E Henri Bergson, filósofo francês, que viveu entre 1859 e 1940, escreveu: “Somos materialistas constitucionais; estamos acostumados a lidar com matéria e mecanismos; e, a não ser que olhemos para dentro de nós, tudo figuraremos como máquinas materiais”.
·Houve sempre comunicações dos Espíritos? Sim, mas o homem, mesmo deles recebendo inspirações (escritos, invenções, transformações sociais etc.) ainda não estava preparado para a REVELAÇÃO ESPIRITUAL. No início, era o sobrenatural, o desconhecido; depois, veio a pesquisa e a prova; e, por fim, a revelação da verdade, fazendo cair por terra os dogmas e os costumes sedimentados e não questionados. O homem passou a se questionar: a morte é mesmo o fim de tudo? Abriu os olhos.
Marco do Espiritismo no mundo: O FENÔMENO DE HYDESVILLE — Estado de N. York, USA, 31.03.1848: família Fox, protestante, composta de pai, mãe e duas filhas (Kate, 11 anos, e Margareth, 14 anos). Por uma brincadeira (bater na parede), a filha menor comunicou-se com o Espírito de um mascate, Charles Hosma, fato comprovado por mais de 200 pessoas.
Afluindo uma grande multidão e vindo ter com Ele gente de
todas as cidades, disse Jesus em parábola:
“Saiu o Semeador para semear a sua semente. E quando semeava,
uma parte da semente caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do Céu a
comeram. Outra caiu sobre a pedra; e tendo crescido, secou, porque não havia
umidade. Outra caiu no meio dos espinhos; e com ela cresceram os espinhos, e
sufocaram-na. E a outra caiu na boa terra, e, tendo crescido, deu fruto a cento
por um.
Dizendo isto clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Os seus discípulos perguntaram-lhe o que significava esta
parábola. “Respondeu-lhes Jesus: A Vós vos é dado conhecer os mistérios do
Reino de Deus, mas aos outros se lhes fala em parábolas, para que vendo não
vejam; e ouvindo não entendam:”
Que belíssimo quadro apresenta-se às nossas vistas,
quando, animados pelo sentimento do bem e da nossa própria instrução
espiritual, lemos, com atenção, a Parábola do Semeador! A nossa frente
desdobra-se vasto campo, onde aparece a extraordinária Figura do Excelso
Semeador, o maior exemplificador do amor de todas as idades, e aquele monumental
Sermão ressoa aos nossos ouvidos, convidando-nos à prática das virtudes ativas,
para o gozo das bem-aventuranças eternas!
O Espiritismo, filosofia, ciência, religião, independente
de todo e qualquer sectarismo, é a doutrina que melhor nos põe a par de todos
esses ditames, porque, ao lado dos salutares ensinos, faz realçar a
sobrevivência humana, base inamovível da crença real que aperfeiçoa, corrige e
felicita!
O próprio Jesus explicou a Seus
discípulos a Parábola do Semeador.
As nossas almas, são comparáveis aos
quatro terrenos da história: “o terreno do caminho”, “o solo cheio de
pedras”, “a terra cheia de espinheiros e “o terreno lavrado e bom
Jesus é o Divino
Semeador. A semente é a Sua Palavra de bondade e de sabedoria. E
os diversos terrenos são os nossos corações, os nossos Espíritos, onde Ele
semeia Seus ensinamentos, cheio de bondade para conosco.
E como procedemos para com Jesus?
Como respondemos à Sua bondade? O modo como damos resposta ao amor cuidadoso
do Divino Mestre é que nos classifica espiritualmente, isto é, mostra que
espécie de terreno existe em nossa alma. Cada coração humano é uma
espécie de terra, um dos quatro solos da parábola.
Vejamos, então:
·O“terreno do caminho”?
Quando alguém ouve a palavra do
Evangelho e não procura compreendê-la, nem lhe dá valor, aparecem as forças da
desarmonia (os Espíritos menos exclarecidos para a lei do amor, desencarnados
ou encarnados) e arrebatam o que foi semeado no seu coração, tais como os
passarinhos comeram as sementes... E sabe de que modo? Fazendo com que a alma
esqueça o que ouviu, dando outros pensamentos à pessoa, fazendo com que ela se
desinteresse das coisas espirituais. E a alma fica indiferente aos
ensinamentos divinos. O coração dessa pessoa é semelhante ao terrenoondea semente não chegou a penetrar.
·E o
segundo terreno,o pedregoso?
Esse terreno é a imagem da pessoa que
recebe os ensinos de Jesus com muita alegria. São exemplos as pessoas
entusiasmadas com o serviço cristão, mas cuja animação dura pouco. Quando
surgem as zombarias, as perseguições ou os sofrimentos, a alma, que é inconstante,
abandona o caminho do Evangelho. Está aprendendo os mandamentos divinos, os
ensinos de Cristo, o caminho do bem, da pureza, da honestidade. Está muito
contente com o que está estudando. Sente-se animada e feliz. Um dia, aparece um
colega do colégio ou da vizinhança, dizendo que o “Espiritismo é obra do
demônio”, que “os que freqüentam aulas de Evangelho nas escolas Espíritas ficam
loucos e vão para o inferno”. Essa pessoa não tem ainda firmeza de fé. Tem
medo das zombarias dos colegas e dos vizinhos, que dizem que “somente sua
religião é verdadeira” e lhe mandam “receber Espíritos na rua”. Amedrontado
pela perseguição e pelos motejos, deixa a Escola de Evangelho, onde estava
começando a compreender a beleza do ensino de Jesus e as bênçãos do Espiritismo
Cristão. Esse irmão tinha o coração semelhante ao “terreno cheio de pedras”,
onde a planta da verdade não pôde crescer e frutificar.
·O
terceiro solo é a“terra cheia de espinheiros”.
É o caso das pessoas que recebem a palavra do Evangelho,
mas, depois abandonam o caminho cristão por causa das grandezas falsas do mundo
e da sedução das riquezas. Ouviram o Evangelho, mas se interessaram mais
pelos negócios, pelos lucros, pelas vaidades da vida, pelo cuidado exclusivo
das coisas da terra. São as pessoas que conheceram, às vezes desde pequeninas,
os ensinos de Jesus, mas, depois de crescidas, preferiram os maus companheiros
e passaram a interessar-se somente pelos problemas de dinheiro ou de modas,
pelos ídolos do cinema ou do futebol. Não querem mais nem Jesus, nem lições de
Evangelho. Só pensam em automóveis de luxo, sonham com caminhões
de utensílios e futilidades, imaginam-se ricos. A princípio,
sabiam repartir com os pobres o seu dinheiro, porém, agora só pensam em juntá-lo:
a caridade morreu nos seus corações. O mundo, com suas riquezas falsas (que
terminam com a morte), seduziu suas almas e sufocou a planta de Deus em seus
espíritos. Trocaram Jesus pelos sonhos e ambições de carros de luxo, de
figurinos, de roupas elegantes, de campos de esporte, de concursos de beleza,
de grandezas sociais... A planta de Deus foi sufocada pelos espinhos do
egoísmo e das ilusões da vida material. E morreu...
·O
quarto terreno,“a terra lavrada e boa,
É o símbolo do coração que escuta o
Evangelho, procurando compreendê-lo e praticá-lo na vida. E a alma que estuda
a palavra do Senhor, percebendo que está neste mundo para aprender a Verdade e
o Bem. E, assim, dá frutos de bondade e eleva-se para Deus. Abandona seus
vícios e maus hábitos, dedicando-se à prática das virtudes, guardando a fé no
coração, socorrendo carinhosamente os necessitados e sofredores e buscando os
conselhos de Deus no Evangelho de Cristo.
O coração verdadeiramente cristão é o
bom terreno da parábola: cada semente de Jesus se transforma em trinta,
sessenta ou cem bênçãos de bondade, de fé e de auxílio ao próximo. Esse
coração deseja conhecer sempre mais e melhor os ensinos cristãos. E se esforça
sinceramente para fazer a Vontade Divina: amar e perdoar, crer e ajudar,
aprender e servir.
Eis a Parábola do Semeador. Medite
nela. Que você, guardando a humildade de coração, se esforce para ser, se
ainda não o é, o bom terreno, que recebe os grãos de luz do Divino Semeador e
dá muitos frutos de sabedoria e bondade.
Para pregar e ouvir a Palavra, é preciso que não a
rebaixemos, mas a coloquemos acima de nós mesmos; porque aquele que despreza a
Palavra, anunciando-a ou ouvindo-a, despreza o seu Instituidor, e, como disse
Ele: “Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem o julgue; a
Palavra que falei, esta o julgará no último dia:Sermo,
quem locutus sum, ille judicabit eum in novíssimo dia.”(João,
XII, 48.)
Que os seus adeptos, compenetrados dos deveres que
assumiram, semelhantes ao Semeador, levem, a todos os lares, e plantem em todos
os corações, a Semente da fé que salva, erguendo bem alto essa Luz do
Evangelho, escondida sob o alqueire dos dogmas e dos falsos ensinos que tanto
têm prejudicado a Humanidade!
"A fé ilumina, o trabalho conquista, a regra aconselha, a afeição reconforta e o sofrimento reajusta; no entanto, para entender os Desígnios Divinos a nosso respeito, é imperioso renovar-nos em espírito, largando a hera do conformismo que se nos arraiga no íntimo, alentada pelo adubo do hábito, em repetidas experiências no plano material".
Livro Palavras De Vida Eterna - Francisco Xavier pelo espírito de Emmanuel